Desperdício de afeto. Hoje pensei muito a respeito disso.
Tem gente que desperdiça alimentos. Compra mais do que precisa e larga tudo no prato, ou estragando na geladeira. Tem gente que desperdiça o próprio tempo, trabalhando naquilo que não gosta, fazendo um curso por fazer, assistindo reality show ao invés de ler um livro. Tem gente que desperdiça dinheiro. Compra coisas que não precisa, gasta mais do que tem, falta com frequência nas aulas de uma faculdade particular que precisa pagar todos os meses. Desperdiça-se aquilo que sobra, que não faz tanta falta assim.
Mas ultimamente, percebi que tem gente que desperdiça afeto. São pessoas que não sorriem de volta quando alguém lhes sorri. Que não retornam a ligação daquele velho amigo que entrou em contato apenas para matar saudades. Que não retribuem a um gesto carinhoso de alguém conhecido ou desconhecido. Que não enxergam gentilezas.
Tem gente que desperdiça as chances de receber afeto. Mas também tem gente que desperdiça as chances de oferecer afeto. Que se fecha em seu mundo e em seus problemas e não enxerga quem lhes sorri. Que nunca tem tempo de sentar no chão com o filho pequeno para brincar despreocupadamente. Que não cumprimenta os vizinhos e nem sequer sabe quem eles são.
Penso que, talvez, seja a hora de fazemos uma campanha contra o desperdício de afeto. Ninguém é obrigado a retribuir ao sentimento de ninguém, mas vamos ao menos respeitar quem nos dedica algum afeto. Vamos sorrir para desconhecidos que nos sorriem, conversar com vizinhos, retornar e fazer ligações. Vamos visitar amigos, mandar flores em ocasiões especiais, oferecer ajuda. Vamos trabalhar naquilo que amamos, aproveitar nossos professores com paixão, cuidar de nosso corpo, de nossa casa e do planeta com o mesmo carinho.
Abaixo o desperdício de afeto. Que saibamos gostar e ser gostados, respeitar e ser respeitados, amar e ser amados. Que saibamos SER mais que TER.