Entre presente, passado e futuro
Como se adequar aos novos tempos e manter nossa essência
Com o tempo, a gente aprende que manga com leite não mata. Que almoçar e tomar banho não dá congestão. Que andar no sereno descalço não vai constipar. Aprende que nem sempre o que cura gripe é vitamina C e cama. Aprende que depressão não é frescura ou coisa de gente rica. Aprende que aquilo que nos disseram talvez não faça mais sentido.
Quem nasceu há mais de 30, 40, 50 anos, provavelmente ouviu conselhos de mães e avós. Elas nos repassavam o que aprenderam ainda em sua meninice. Não havia qualquer evidência científica. Apenas o fato de terem sido ensinadas por alguém experiente e sábio.
E nos dias de hoje…
Chega o século 21. A gente come mal, dorme mal, vive em uma espécie de corda bamba e já nem se lembra do que disseram os antepassados. Isso vale para a vida pessoal e profissional. Nossos pais nos ensinaram a buscar um emprego para a vida toda. Hoje, a gente quer é ter a própria empresa. Nossos chefes nos orientaram a buscar a perfeição. Hoje, estimulamos as pessoas a errarem rápido, consertarem rápido. Nossas equipes de planejamento demoravam anos para lançar um produto. Hoje, um Mínimo Produto Viável (MVP) pode saltar da cabeça da gente para o protótipo em menos de uma semana.
Apesar do ritmo acelerado, continuamos seguindo o que nos dizem que é certo. Eu costumava obedecer minha avó. Mas nem sempre costumo obedecer aos especialistas em design thinking, SEO, modelagem de negócios, etc. Eles têm a mesma autoridade das nossas avós e seus conselhos. Repetem fórmulas que dão certo, mas talvez eu possa ser diferente.
Sem fórmulas prontas
Eu não gosto de manga com leite. Nem de escrever de um modo mecânico, roubando a alma das palavras em nome de uma estrutura que me engessa enquanto profissional criativa. Adoro andar descalça, mas coloco o chinelo para não ter choque térmico. Gosto dessa transformação relacionada aos erros. E sigo adiante. Colhendo aqui e ali o que me serve. Sem consumir fórmulas prontas de sucesso ou de saúde. Acreditando que nesse mundo em transformação, ainda podemos escolher livremente aquilo que faz sentido.