Conselho de Rubem Alves: vá visitar os ipês
“Corra o risco de ser considerado louco: vá visitar os ipês. E diga-lhes que eles tornam o seu mundo mais belo. Eles nem o ouvirão e não responderão. Estão muito ocupados com o tempo de amar, que é tão curto.”
Rubem Alves
Ipês amarelos
Palavras de Rubem Alves, que conversava com os ipês para agradecer-lhes a beleza. Costumo fazer isso, sempre que passo por um deles, agradeço pela beleza das flores, pelo colorido. Gosto, em especial, dos amarelos, que alegram meu caminho.
Nesse fim e semana, peguei a estrada velha conhecida, mas ela não era a mesma. A BR 050 e a Rodovia Cândido Portinari transformaram-se na estrada dos Ipês Amarelos.
Na distância entre Uberlândia e Franca, ida e volta, meu olhar se cruzou com dezenas, talvez centenas deles. Alguns me tiraram o fôlego pela beleza. Outros, pela força. Ainda houve os que me encantaram pela coragem.
Há ipês que florescem depois da queimada. Seu tronco retorcido sustenta as flores que insistem em nascer e clarear a paisagem que o fogo destruiu.
Há ipês gigantescos em meio aos campos de café, aos canaviais, aos pastos.Há ipês na beira da estrada, quase pendurados em restinhos de chão.
Cândido Portinari ficaria feliz com as cores que brotam na estrada que lhe presta homenagem. Uma paleta criada pela natureza, com os tons mais bonitos que há.
Visita aos ipês
Obedeço seu pedido, Rubem Alves. Visito os ipês. Passo por eles com reverência. São mesmo uma sinfonia escrita pela natureza. Para fechar da maneira que abri, apropriando-me de suas gentis palavras:
“Gosto dos ipês de forma especial. Questão de afinidade. Alegram-se em fazer as coisas ao contrário. As outras árvores fazem o que é normal — abrem-se para o amor na primavera, quando o clima é ameno e o Verão está pra chegar, com seu calor e chuvas. O ipê faz amor justo quando o inverno chega, e a sua copa florida é uma despudorada e triunfante exaltação do cio.”
Fim de semana na Estrada dos Ipês Amarelos.
Texto publicado originalmente no Facebook, em 27 de agosto de 2017